Salomão Sousa
"Alguns diriam que fazem por resistência, por isistência talvez até por teimosia. Não há teimosia nenhuma em existir. Sobretudo prazer, isto sim. Faço para abrir brechas no silêncio. Outros já poderão ter seguido por este mesmo caminho, sinto-o cortado fundo. Os egípcios quebravam as pedras em blocos de 3 mil quilos. Já que tenho que fazer, já que tenho que quebrar blocos de 3 mil quilos de silêncio, cabe-me trazer prazer de todos os gestos. Existia o lombo. Existia a fruta. Existia a pedra. Assim já não será inútil o chuço.
Cresce a incapacidade de erotizar, de tirar prazer dos silêncios, das saliências, reentrâncias e inadvertências. Há corpos que nem saberão dos prazeres que poderiam ter provocado e ainda acham que estão com a vitória entre as mãos. Não luto para permanência. Se eu fosse insistir nesse caminho, escolheria as trilhas do misticismo, que não são poucas. Faço para garantir que estou aqui, que não sou silêncio. Depois de minha morte, sei que não ouvirei mais nada. Nem mesmo a tardia araponga, a intemporal leitura de um poema na quebra do silêncio. O silêncio, este sim, sobreviverá.
Há um excesso de individualismo, incapacidade ou indiferença para com o outro. Não queremos dividir nosso universo, nosso território, prazer. Achamos que todo o universo, que nosso prazer, só a nós pertence. Vivemos uma época do prazer pela masturbação. Achamos que não precisamos mais do outro. O outro vai sendo abolido..."
"Alguns diriam que fazem por resistência, por isistência talvez até por teimosia. Não há teimosia nenhuma em existir. Sobretudo prazer, isto sim. Faço para abrir brechas no silêncio. Outros já poderão ter seguido por este mesmo caminho, sinto-o cortado fundo. Os egípcios quebravam as pedras em blocos de 3 mil quilos. Já que tenho que fazer, já que tenho que quebrar blocos de 3 mil quilos de silêncio, cabe-me trazer prazer de todos os gestos. Existia o lombo. Existia a fruta. Existia a pedra. Assim já não será inútil o chuço.
Cresce a incapacidade de erotizar, de tirar prazer dos silêncios, das saliências, reentrâncias e inadvertências. Há corpos que nem saberão dos prazeres que poderiam ter provocado e ainda acham que estão com a vitória entre as mãos. Não luto para permanência. Se eu fosse insistir nesse caminho, escolheria as trilhas do misticismo, que não são poucas. Faço para garantir que estou aqui, que não sou silêncio. Depois de minha morte, sei que não ouvirei mais nada. Nem mesmo a tardia araponga, a intemporal leitura de um poema na quebra do silêncio. O silêncio, este sim, sobreviverá.
Há um excesso de individualismo, incapacidade ou indiferença para com o outro. Não queremos dividir nosso universo, nosso território, prazer. Achamos que todo o universo, que nosso prazer, só a nós pertence. Vivemos uma época do prazer pela masturbação. Achamos que não precisamos mais do outro. O outro vai sendo abolido..."
Nenhum comentário:
Postar um comentário